A bicicleta representa o veículo individual mais utilizado no Brasil, tendo como seu nicho principal de utilização os pequenos centros urbanos, classificados como cidades com menos de 50 mil habitantes, sendo esses centros cerca de 90% das cidades brasileiras, conforme exposto pelo Ministério das Cidades no Programa Bicicleta Brasil. Já nas cidades de grande porte, existe uma mudança de situação decorrente do maior número de oferta de transportes coletivos e a existência de um trânsito consideravelmente mais agressivo. Contudo, devido às regiões periféricas das cidades usualmente possuírem um transporte público de menor eficiência, acaba gerando um cenário onde essas periferias se assemelharem com cidades de médio porte, existindo assim um maior uso de bicicleta nessas áreas, como também apontado pelo Ministério das Cidades. O Brasil possui destaque internacional no quesito de produção de bicicleta, ocupando o posto de quarto maior produtor mundial. Para tanto, o país produziu em 2016 em torno de 2,5 milhões de unidade e possui uma frota estimada em 70 milhões de bicicletas conforme dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (ABRACICLO). O cálculo da frota é usualmente feito com base na produção/venda da bicicleta nos últimos 7 anos, período que representar a vida útil média da bicicleta. Com uma população projetada estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017 de 207 milhões de brasileiros, tem-se uma taxa de 0,338 bicicletas por habitante. Conforme dados da ABRACICLO em 2016 houve no Brasil uma queda no setor de produção de bicicletas na ordem de 11,5% em comparação ao período referente de janeiro a dezembro de 2015, tendo como base de análise o Polo Industrial de Manaus. Parte da culpa pode ser direcionada para a crise econômica em que o país viveu no ano de 2016, sendo a melhora do cenário necessária para a retomada do crescimento do setor industrial. Ainda de acordo com a ABRACICLO o setor industrial Brasileiro elevou as exportações no ano de 2016 em cerca de 27,4% em comparação ao ano de 2015, sendo os principais destinos dos produtos brasileiros o Paraguai, Bolívia e Uruguai. Para a mesma entidade, é esperado que no ano de 2017 a produção total de bicicletas aumente em 19% conforme o país começa a ter sinal de melhora na economia. O estímulo ao aumento do uso de bicicleta no país é explorado em diversas frentes. A instalação de pontos de aluguel de bicicleta, tendo como pioneiro o município do Rio de Janeiro, se espalhou para diversas capitais e cidades, como: Petrolina, Porto Leve e Recife em Pernambuco; Porto Alegre no Rio Grande do Sul; e Santos São Paulo e Sorocaba em São Paulo. O preço do aluguel e as condições podem variar de cidade para cidade. A tabela a seguir foi obtida a partir de consulta no site do sistema Bike em algumas regiões. O sistema BikeRio foi implementado em outubro de 2011 numa parceria entre a prefeitura do município do Rio de Janeiro, Banco Itaú, a Serttel e o apresentador Luciano Hulk. Ao longo de sua existência, pode-se dizer que sua média de utilização foi de 4740 viagens por dia. Outra observação que deve ser feita é que somente com as capitais mencionadas na tabela acima expõe uma geração de 5.225,73 Créditos de Carbono. Se pensar na expansão de sistemas como este junto com o aumento geral da utilização de bicicleta a nível nacional, poderá acontecer uma redução massiva nas emissões de carbono ao longo dos anos.
Mais uma medida que está em tramite na Comissão de Constituição e Justiça, a PEC 27/2015 tem como objetivo gerar imunidade de tributos para as bicicletas, suas partes e peças separadas, quando forem de fabricação pela indústria nacional. Esta medida tem potencial de fomentar e expandir a indústria de bicicletas, assim como torná-las mais baratas, reduzindo o custo para o consumidor final. O pais possui uma posição de destaque em diversos quesitos relacionados ao uso da bicicleta. Sua força industrial mundial, mas principalmente no Cone Sul, pode ser de grande proveito em um mundo que cada vez mais se busca alternativas de mobilidade que não gerem emissões de gases estufas. Também pode-se afirmar que o Brasil tem uma base sólida para criar uma nação com uma alta taxa do uso da bicicleta como modal de transporte, tão forte como em países europeus. Entretanto, caberá a nossa classe governante posicionar as políticas públicas da nação em direção a esse futuro longe dos modelos de transportes dependentes dos combustíveis fosseis.
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AutorGuilherme M. Pfeffer é um entusiasta por planejamento e mobilidade urbana. HistóricoCategorias
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